Luiz Assunção

Luiz Assunção

Luiz Gonzaga Assunção nasceu na cidade de São Luiz, no Estado do Maranhão, em 11 de julho de 1902. Seu pai, Liberato Lopes Assunção era cearense e sua mãe, Palmira Rocha Santos Assunção, era maranhense. Aos quatro anos de idade começou a tocar suas primeiras notas, ensinadas por sua mãe, que era pianista e tocava músicas eruditas e sacras. Ele afirmava que tinha vocação para ser médico cirurgião, porém tendo na mãe uma grande referência musical, foi obrigado por ela quando completou 12 anos “a aprender a tocar piano, desde aí não largou mais o instrumento”. Tendo na mãe sua maior influência artística, em 1914 compôs sua primeira valsa intitulada Flor das Ondas, canção que não chegou a ser finalizada e que se perdeu com o tempo.

Em 1919 começou a trabalhar como pianista nas “pensões alegres” e nos cinemas mudos em São Luiz. Ainda em sua cidade natal trabalhou como caixeiro, tornou-se, no ano de 1923, cabo da 1ª Cia do 24º B.C. de São Luiz. No ano de 1928 chegou a Fortaleza, onde tratou logo de estabelecer um bom relacionamento com outros músicos, “os maestros Euclides da Silva Novo, alagoano, Paulo Neves, pernambucano, Antônio Moreira, cearense, e Luigi Maria Smido, italiano”.

No ano seguinte, participou de uma excursão artística com as “Irmãs Gasparini” pelos estados do Ceará, Paraíba e Pernambuco. Criaram-se assim as primeiras redes de sociabilidades do compositor. Ao retornar ao Ceará, no ano de 1929, casou-se com Isaura Gomes de Oliveira, com quem teve dois filhos, Reginaldo e Fátima Assunção.

Entre os anos 1929 e 1937 trabalhou como pianista no Cine Centro Artístico e no Cine Teatro “Pio X”. Os cinemas nas décadas de 1920 passaram a ser ambientes frequentados por famílias da elite comercial fortalezense, visto que “famílias, crianças e mulheres, no caso da elite, adotaram tal espaço, onde até sessões específicas eram destinadas a este novo público”. Em Fortaleza, Luiz Assunção também trabalhou em “pensões alegres”. No comando do piano ele esteve na Pensão da Nena entre os anos de 1937 e 1941 e na Pensão Graciosa entre os anos de 1941 e 1944.

Em 1944, Luiz Assunção iniciou sua vida na radiofonia cearense. Na Ceará Rádio Clube o compositor assumiu o piano juntamente com a orquestra, exercendo atividades de arquivista, auxiliar de regente, dentre outras, permaneceu na rádio como pianista oficial da mesma, compondo o seu corpo de artistas até o ano de 1964. As décadas de 1940 e 1950 ficaram marcadas como anos dourados da radiofonia nacional. Com a expansão e diversificação da programação cultural, a Ceará Rádio Clube manteve seu apogeu frente as suas concorrentes.

Surgida na década de 1930, a Ceará Rádio Clube já apresentava em sua radiodifusão pianistas, orquestras e cantores, dentre eles Lauro Maia, Mozart Brandão e Luiz Assunção.

Nessa época, Fortaleza contava com um pouco mais de oitenta mil habitantes, homens, mulheres e crianças que ao findar do dia se reuniam em volta do rádio para ouvir as programações da jovem emissora de radiofonia.

Grandes nomes da música nacional passaram a ser conhecidos e ouvidos através da referida rádio, canções que iam desde as valsas aos choros de Pixinguinha e sambas de Noel Rosa.

No tocante à trajetória musical de Luiz Assunção em Fortaleza, entre sambas e carnavais o compositor criava seus espaços de sociabilidade. A música popular brasileira era a principal atração nos espaços boêmios e nas rádios em meados das décadas de 1940 e 1950. O rádio tornou-se um dos principais veículos de transmissão da música popular, com isso, intérpretes e compositores passaram a viver a efervescência da radiofonia, criando nos espaços das rádios seus lugares de sociabilidade.

Nesse cenário de glórias, conquistas e expansão da cultura cearense, entre os anos de 1955 e 1957, Luiz Assunção foi homenageado com medalhas que o agraciavam em sua arte. Como carnavalesco boêmio, recebeu medalha de Melhor Canção de Carnaval pelos Diários e Rádios Associados do Ceará. No mesmo ano recebeu a Medalha Clube do Papai do Noel da Ceará Rádio Clube, a medalha de melhor Escola de Samba, também dos Diários e Rádios Associados, e a Taça Carnaval de Rua doada pela Associação Cearense de Impressa com a melhor canção. Homenagens essas que exaltavam a participação do compositor no cenário musical, reconhecendo sua importância para a cultura cearense.

No que concerne às décadas de 1950, 1960 e 1970, podemos considerá-las como os anos dourados na vida de Luiz Assunção. Além de receber medalhas de honra ao mérito, teve algumas de suas músicas gravadas, como fora citado anteriormente, recebeu Carteira Profissional de Pianista e Compositor. Após aposentar-se da Ceará Rádio Clube, viajou para o Rio de Janeiro, onde compôs “Rio Oitava Maravilha”. Ao retornar para Fortaleza, participou dos quatro festivais da música popular cearense, e no primeiro festival foi agraciado com diploma de compositor da Música Popular Cearense. Passou então a fazer parte da Banda Municipal como copista, permanecendo na mesma por quatro anos. Nessa mesma época compôs seu último samba, intitulado “O Clarim do Rei Javeh” e deixou a sua escola de samba. Entre taças, medalhas, homenagens das mais variadas, Luiz Assunção teve, através de vários intérpretes – dentre eles, Rodger e Téti, que gravaram pela RCA “Sá Mariquinha” – parte de suas canções lançadas por gravadoras, projetando suas músicas nacionalmente.

Ainda na mesma década compôs “Casa Vazia”, e recebeu título honorífico de cidadão fortalezense, título esse tão almejado pelo compositor.

Como compositor recebeu muitas homenagens, mas segundo seus contemporâneos não chegou a receber o reconhecimento esperado, morrendo em 1987, aos 84 anos, entregue à pobreza e ao esquecimento daqueles que por vezes encantou e emocionou com suas canções, ressentido pelo abandono que dizia sentir das pessoas, “acho que as pessoas estão muito esquecidas de mim...”.

Assim se expressava o compositor sempre que surgia uma oportunidade de falar nos jornais, como característica marcante no final de sua vida ele apresentava a saudade de sua mocidade, onde havia desfrutado de seus anos de glória através de suas composições e sua vivência na boemia; já a velhice era encarada pelo mesmo como algo ruim, que só havia lhe trazido tristeza e dor.

Ressaca na Praia de Iracema

Adeus, adeus
só o nome ficou...
Adeus Praia de Iracema
Praia dos amores
que o mar carregou...

Quando a lua te procura
também sente saudade
de tudo que passou:
de um casal apaixonado
entre beijos abraçado
que tanta cousa jurou
mas a causa do fracasso
foi o mar enciumado
que da praia se vingou.

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Adeus Praia de Iracema

Sá Mariquinha

Vive Seu Mané Chorando